27.7.13

prólogos e epílogos

ela se apaixonou pelas minhas palavras
talvez mais pelo jeito que eu as expelia
ora como arco e flexa 
ora como folha ao vento
ora como planejado buquê de flores

ela se derretia sobre o lençol das minhas frases
e dizia que queria ser devorada por elas
dizia que queria ser uma delas 
num dicionário amoroso
para eu mascá-la

na primeira briga jogou-me todas as palavras na cara
e disse com a ênfase de um canhão

EU NUNCA TE AMEI DE VERDADE

eu já sabia
tanto que havia separado um vaso para acomodá-las 
não só as palavras de plástico provocam gargalhadas

epílogo

eu já sabia da existência 
do dia lá no começo
e do dia do fim
e sabia que seria triste 
triste de verdade
de cortar o coração em pedacinhos
como pequenos corações de galinha

menti sinceramente o quanto pude
espichei a mentira como uma trena
ela apenas se iludiu

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