Quem um dia não teve vergonha de ser
brasileiro? Quem um dia não praguejou contra esse país ao ver todos os
escândalos que já patrocinou desde a
grande largada da era colonial? Quem não folheou jornais e assistiu telejornais
horrorizado? Quem nunca despejou palavrões sobre a sequência aparentemente
interminável de desgraças e injustiças que recheiam nossa história? Quem não
disse, senão várias, pelo menos uma única vez, que a única saída para o Brasil
era o aeroporto do Galeão? Quem nunca, olhando para outro país, pensou por que
diabos o nosso tinha que ser essa merda? Quem não insultou os portugueses por
terem sido eles os nossos principais colonizadores, e não os saxões, os
franceses, os holandeses, os alemães? Pois a grande notícia agora é que só
prosseguirá se sentindo assim quem é totalmente indiferente a este país e ao
que ele está conquistando nos últimos dias. É preciso ser muito reacionário ou
qualquer outra qualificação desagradável para não sentir os ventos da mudança
provocados pelo povo, para não se emocionar por estar vivendo esse momento
histórico e sentir pontadas de orgulho desse país, desse povo, sem medo de
macular seu pouco gosto pela pieguice ou o seu apego a um comportamento mais
chic ou a sua pouca simpatia pelo ufanismo. Pois essa é a hora de se ufanar,
sim, porque estamos conquistando vitórias apenas com a nossa força. Se o mundo
sempre nos olhou de forma atravessada, nos rotulando como o país do futebol, do
carnaval, da mulher gostosa e da exportação de prostituas e travestis, tenha
certeza, brasileiro, que isso também vai mudar. Porque estamos só começando a
mudar, de uma forma que nunca aconteceu nesse país nem talvez no mundo. Estamos
vivendo a primeira e verdadeira revolução brasileira, feita por nós mesmos,
brasileiros, sem importar ideologias, sem importar modelos, sem importar nada,
apenas contracenando com outros ventos da mudança que percorrem o mundo. Apesar
dessa troca, nossa revolução é made in Brasil. Nós estamos mostrando a todos
como se conquista a dignidade: nas ruas. Agora, quando voltarmos a elas,
precisamos nos parabenizar, precisamos gritar em alto e bom som: VIVA O POVO
BRASILEIRO! - em maiúsculas e com ponto de exclamação, sim, como no livro de João
Ubaldo Brasileiro Ribeiro.
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